Dia 19/11 foi o dia do empreendedorismo feminino.
O mundo comemorou nesta quinta-feira, 19, o Dia Global do Empreendedorismo Feminino. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, celebra a mulher empreendedora e o seu impacto na economia.
Em um ano como 2020, em que a crise afetou particularmente seus negócios e o desenvolvimento da carreira (empreender também é empreender a própria carreira), as empreendedoras precisam mais do que nunca serem celebradas.
A nossa entrevistada exerce sua profissão ao mesmo tempo em que desenvolve sua tese de doutoramento. Isto é empreender a carreira, sem glamour, mas com objetivos definidos e muito foco. Para entender este processo, fizemos-lhe algumas perguntas.
Você é licenciada em qual(s) área(s) do conhecimento?e Por que escolheu esta área?
Licenciada em Ensino da Biologia e Geologia, pela Faculdade de Ciências, da Universidade do Porto. Os meus pais eram professores de outras áreas e desde muito pequenina que vivia no mundo da escola. Queria ser professora e as áreas de conhecimento que escolhi foram influenciadas por ter tido excelentes professores, entusiastas e apaixonados das mesmas.
Na sua licenciatura, fez parte de iniciação ou estágio científica, conta como ficou sabendo e por que quis ingressar?
Sim, da licenciatura via ensino fazia parte um estágio profissional integrado, no 5ºAno. Se o objetivo era lecionar aulas numa escola como profissão, era suposto realizar este estágio para ter as habilitações necessárias. Como eu nessa altura tinha por objetivo depois de terminar a licenciatura ir lecionar aulas de Ciências Naturais e Biologia e Geologia ingressei no estágio, numa escola pública.
Quais competências profissionais você acredita que desenvolveu na sua experiência em estágio ou iniciação científica (se houve)?
Boa comunicação - adequação dos conteúdos e linguagem ao público (nível de escolaridade dos alunos); Colaboração - trabalho de equipa com outros docentes da escola, orientador e colegas de estágio; Criatividade - desenvolvimento de novos recursos educativos; prática em situação real de trabalho - lecionar em turmas próprias e em turmas do orientador; Relacionamento interpessoal; Proatividade; Adaptabilidade.
Em que consiste o tema e objeto de sua pesquisa de mestrado?Quais competências teve de desenvolver para concluir esta etapa?
O curso de Mestrado que frequentei na Escola de Ciências, da Universidade do Minho foi Património Geológico e Geoconservação. O tema da pesquisa de mestrado foi: "Valorizar e divulgar o Património Geológico do Geopark Naturtejo. Estratégias para o Parque Icnológico de Penha Garcia." As competências que desenvolvi para concluir essa etapa foram a resiliência; a aprendizagem contínua; a comunicação (ex.: simplificação da linguagem geológica); a liderança; a gestão do tempo; relacionamento interpessoal; Criatividade; Inovação.
Que tipo de impactos positivos essa pesquisa pode gerar para a sua comunidade (freguesia ou País)?
O impacto mais positivo resultante da minha pesquisa de mestrado, é o que advém do uso do "Caderno Educativo: Rotas dos Fósseis - Perguntas e respostas". Este destina-se a Professores e Técnicos de Turismo que dinamizam atividades autonomamente ou como o apoio dos Programas Educativos do Geopark Naturtejo, nessa Rota. Assim, podem preparar as atividades antes da Aula/Saída/Visita de campo no geomonumento Parque Icnológico de Penha Garcia e usá-lo durante as atividades de campo e pós-campo. O Protótipo do caderno educativo era o 2º Volume da Tese de Mestrado e foi editado e publicado em versão impressa, pelo Município de Idanha-a-Nova, contando já com duas edições. Este recurso educativo é usado em ações de formação para Técnicos de Turismo e para Professores.
Atualmente trabalha na área? Se sim, acha que sua formação académica ajudou a conquistar a vaga, se sim, em quais pontos?
Sim, trabalho na área de conhecimentos quer da licenciatura, quer do mestrado. Sou Técnica Superior do Serviço de Ação Educativa do Município de Idanha-a-Nova - Área Educação Ambiental e a Responsável pelo Serviço Educativo do Geopark Naturtejo, Geoparque Mundial da UNESCO (e também uma das monitoras). O meu percurso académico foi essencial na aquisição de conhecimentos, competências, experiências, metodologias, autonomia, motivação e paixão pela minha profissão e pela Natureza.
E agora , se houve experiência profissional na sua área, quais competências acha que aprimorou e desenvolveu?
Comunicação; Conhecimento; Resiliência; Criatividade; Liderança; Escrita científica; Promover Educação Ambiental mais ativa; Criação de Recursos em educação em geociências para a sustentabilidade; Educação ao ar livre; Educação em Geoparques Mundiais da UNESCO
O que te motivou a ingressar em um curso de pós-graduação, que mensagem deixaria para quem neste momento deseja ingressar?
Realizei um curso de mestrado e agora estou a realizar um Doutoramento, pois tenho sempre vontade de alargar horizontes, conhecer novos caminhos e experiências na minha área de investigação e trabalho ou áreas ligadas a ela. Por outro lado, permite que no desempenho da profissão diária aquira novas competências e conheça novas realidades, contextos e projetos que podem contribuir para melhorar a qualidade do meu trabalho. A mensagem que deixo para quem deseja ingressar é: aproveitem, pois devem sempre querer saber mais, conhecer mais, ter curiosidade, partilhar e conhecer novas experiências para alargar horizontes e melhorar profissionalmente. Desafiem-se!
Alguma vez já pensou em mudar de profissão ou área? se Sim, por quê?
Já mudei uma vez. Há 20 anos, quando comecei a trabalhar era docente de Ciências Naturais e Biologia e Geologia. Lecionei em escolas públicas e privadas, com alunos desde o 5ºAno ao 12ºAno. Passado 8 anos mudei de profissão, deixando de ser docente do ensino formal, contratada por uma escola. Depois como Técnica Superior integrei o Serviço de Ação Educativa do Município de Idanha-a-Nova - Educação Ambiental e fiquei responsável pelo Serviço Educativo do Naturtejo UNESCO Global Geopark (e monitora). Mudei de profissão, pois o Sistema formal do Ensino Básico e Secundário desiludiu-me e gostaria de poder continuar a ensinar, mas em contextos mais fascinantes e motivadores (de uma forma mais prática, in situ, na Natureza!).
Gostaria de deixar alguma mensagem para mulheres que estão a iniciar suas carreiras em áreas correlatas com a sua?
É fundamental existirem mais geocientistas (e cada vez mais mulheres geocientistas) pois as geociências podem fornecer as bases para auxiliar na procura de soluções para os problemas causados pelas comunidades humanas e a promoção da consciencialização da influência que o uso correto dos recursos naturais pode ter para a sustentabilidade da espécie humana e dos outros seres vivos no Planeta. Os geocientistas não poderão esquecer o seu papel de comunicar a sua ciência que é de todos, para todos! As geociências devem ser apresentadas e comunicadas em articulação com outras ciências! E o nosso Planeta Terra é admirável...saibamos mostrar as suas memórias gravadas nas rochas e paisagens e contemos histórias de milhões de anos!