Explorando Horizontes: Entrevista Exclusiva com a Professora Dra. Vanda Claudino Sales – Geógrafa e Ambientalista
Olá, amantes da geografia e defensores do meio ambiente! É com grande entusiasmo que anunciamos uma entrevista exclusiva com uma das mentes mais brilhantes e comprometidas do cenário acadêmico: a Professora Dra. Vanda Claudino Sales, renomada Geógrafa e ambientalista.
Em nossa conversa, mergulhamos nos vastos conhecimentos da Dra. Vanda, explorando sua paixão pela geografia e seu incansável compromisso com a preservação ambiental. Seus insights valiosos e experiências enriquecedoras oferecem uma visão única sobre os desafios enfrentados na interseção entre o estudo da terra e a proteção do nosso planeta.
A Professora Dra. Vanda é reconhecida por sua dedicação à pesquisa e educação, promovendo a conscientização sobre questões ambientais e moldando mentes jovens para se tornarem defensores ativos do meio ambiente. Em nossa entrevista, ela compartilha suas perspectivas sobre a geomorfologia do nordeste e as soluções inovadoras que podem moldar um futuro mais sustentável.
Não perca a oportunidade de se aprofundar nesse diálogo esclarecedor e inspirador. A entrevista com a Professora Dra. Vanda Claudino Sales será uma leitura imperdível para todos que buscam compreender melhor nosso mundo e como podemos contribuir para um futuro mais verde.
Mantenha-se conectado, explore horizontes e inspire-se com a sabedoria da Professora Dra. Vanda Claudino Sales.
Sabemos que é uma importante geógrafa e pesquisadora no Brasil, quais os principais êxitos da sua carreira?
Muito obrigada pela gentileza das palavras. Um dos elementos da vida minha de pesquisadora foi colocar a analise da geomorfologia (do relevo) do Nordeste do Brasil em outro patamar.
Classicamente, o relevo nordestino era entendido como algo recente, de 30 milhões de anos para o Presente. Eu e minha equipe de pesquisa, liderada pelo geografo francês Jean-Pierre Peulvast, consolidamos um olhar diferente sobre a evolução da paisagem regional: colocamos os relevos nordestinos como sendo datados de a partir de 120 milhões de anos, no contexto da divisão do supercontinente Pangea. é uma forma completamente inovadora de ver a paisagem, e que hoje faz escola.
Mas também tenho muito orgulho de ter associado meu conhecimento científico com a luta social: sou ambientalista, e em conjunto com outros colegas, temos conseguido grandes vitorias de preservação no Estado do Ceara, e sobretudo, temos impedido uma maior degradação do meio ambiente regional.
Um elemento que me enche de emoção foi a vitória de criação do Parque Estadual do Coco, na cidade de Fortaleza, que tem 1500 ha preservando manguezal, representando o maior parque urbano do Brasil, que foi o resultado direto da nossa articulação ambiental.
Qual(is) o(s) principal(is) projetos da sua trajetória profissional ou académica (ou pessoal) que gostaria de lembrar(poderia descrevê-lo ou partilhar arquivos) ?
Eu tenho muito orgulho de poder orientar alunos. A orientação de iniciação cientifica, mestrado, doutorado, eh um aspecto importante da minha atividade acadêmica, pois se trata de uma forma direta de repassar conhecimento e ver as novas gerações crescerem.
A minha luta ambiental, na preservação sobretudo da zona costeira, área de maior pressão econômica na atualidade, também eh fonte de muita emoção. Tive muito empenho na criação da "William Morris Davis Revista de Geomorfologia", e agora estou no projeto de criação da " Margarida Penteado Revista de Geomorfologia", em homenagem aa grande pesquisadora, mulher, brasileira, projeto esse que me enche de prazer.
Sabemos que é uma conhecida pesquisadora no Brasil, poderia falar mais sobre a sua principal pesquisa no Brasil e principais motivações?
A minha principal pesquisa é em relação à geomorfologia do Nordeste do Brasil. Analiso a evolução de praias, montanhas, superfícies aplainadas, bacias fluviais, com suas dinâmicas ao longo do tempo, e essa é a contribuição que penso dar para a ciência no Brasil: entender como as paisagens evoluem ao longo do tempo geológico, como forma de compreensão do funcionamento da Terra, pensando inclusive que, sabendo como a natureza funciona, podemos encontrar as melhores formas de preservá-la.
Quais foram as suas inspirações intelectuais para escolher a sua área?
Eu sempre estive próxima da natureza. Meu pai tinha fazenda, e costumávamos passear pelo sertão, analisando tudo que encontrava aa nossa frente. Quando tinha 15 anos, fiz meu primeiro voo de avião, e fiquei impactada pela grandeza da superfície da Terra.
Procurei saber com meus professores do ensino médio qual ciência estudaria a superfície da Terra, e descobri ser a geografia. Optei pela geografia desde cedo, mas o percurso não foi fácil. Para começar, a minha família de classe média alta pensava para mim um curso de medicina, direito, engenharia. Tive que lutar para me estabelecer em meio a um mundo que não valorizava a geografia. Hoje, as coisas já mudaram bastante, a geografia cresceu e eu com ela, a minha família eh feliz com minha escolha, e acho que temos um belo trabalho para fazer nessa área (sempre pensando no futuro hahaha)
Quais os principais autores que costuma ler? Pode indicar 3 autores que lê para a sua atuação profissional e pelo menos 1 que indicaria para ler nos momentos livres?
Leio todos os autores que aparecem na área de geomorfologia. Como sou revisora de várias revistas nacionais e internacionais, eu tenho o privilégio de ler em primeira mão o que esta surgindo e sendo produzido na ciência geomorfológica, como resultado de pesquisas de ponta, e inclusive tendo a chance de fazer sugestões de melhorias. Tem um livro de geomorfologia que sempre indico para os meus alunos, que se chama "Keys of Geomorphology", do geomorfólogo americano Paul Bierman.
No Brasil, costumo indicar o livro "Fundamentos de Geomorfologia", da Margarida Penteado, que apesar de desatualizado na área de tectônica de placas, é ainda o melhor livro de geomorfologia do Brasil. Costumo ainda consultar com frequência os texto do Aziz Ab' Saber. Em termos de literatura, gosto de ler e reler Jose Saramago e o belga Georges Simenon.
Quais os principais paradigmas que, na sua opinião, foram ultrapassados dentro do contexto profissional em que está inserida ?
Como coloquei anteriormente, em conjunto com minha equipe de pesquisa, recolocamos a compreensão acerca da evolução da paisagem no Nordeste do Brasil (o que tem implicações para a evolução da paisagem mundial): envelhecemos os relevos do clássico Neogeno (30 milhões de anos) para o Cretáceo (120 milhões de anos), criando toda um nova forma de ler a paisagem regional.
Qual sua opinião sobre a utilização inteligência artificial na ciência, mais especificamente na sua área?
Acho que a IA pode ser uma grande suporte para a evolução da ciência! Como tudo que tem impacto amplo, tem que ter critérios de utilização, tem que ter ética no uso, tem que ter princípios de cidadania e retidão na sua aplicação, mas de forma geral, acho um grande instrumento de impulso do conhecimento, do qual já faço uso. Penso que bem utilizada, só tem a contribuir para o nosso crescimento.
Acha que os rumos das reflexões na sua área de investigação em sofreram alguma mudança de abordagem tendo em vista as transformações que estamos passando? Se sim, cite um exemplo.
A geografia mudou bastante sua forma de abordagem da natureza a partir das situações associadas com as mudanças climáticas. Antes pautada em concepções estanques da dinâmica dos meios controlada pelo clima, hoje os sentimentos negacionistas já deram espaço para amplas discussões e produção voltada para a mitigação dos problemas resultantes das mudanças climáticas impostas pelos processos sociais em curso. Isso impacta o conjunto da ciência, em todas as suas áreas (geomorfologia inclusive).
Quais as principais linhas de financiamento internacional para quem deseja iniciar um projeto de pesquisa (investigação)na sua área ?
Financiamento internacional eh algo muito pouco frequente para pesquisadores e grupos de pesquisadores individuais. Normalmente, as agencias de financiamento são pautadas em projetos nacionais. Mas a National Geographic oferta financiamento para projetos individuais, e isso eh muito positivo.
É filiada a alguma associação/sociedade? Se sim, na sua opinião por que é importante?
Sou filiada aa União da Geomorfologia Brasileira - UGB e aa Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC.
Qual (is) tipo de conteúdo(s) gostaria que fosse mais abordado nas redes sociais que segue?
Eu gosto das redes sociais como elas se apresentam, comportando de tudo um pouco.
Como você vê o futuro (próximos 5 anos) para a sua área de atuação?
A geomorfologia esta em grande efervescência, e temos muitas perspectivas de crescimento no futuro, com uso da IA no geoprocessamento, popularização de novos métodos de datação da paisagem, divulgação e popularização do conhecimento cientifico com a chegada do conteúdo em geodiversidade. Penso que brilharemos, e quero participar desse processo!
Gostaria de deixar alguma mensagem para mulheres que estão a iniciar suas carreiras em áreas correlatas com a sua?
Eu diria para as novas gerações de mulheres na geografia duas coisas. A primeira é, estudem!! Uma forma de nos posicionarmos no mundo que eh dominado por homens eh através da competência cientifica e técnica, o que só depende de nos, através do reforço pessoal ao conhecimento. A segunda coisa eh: não tenham medo de ousar! Ousem, e avancem! O mundo eh nosso!!
Poderia indicar o link do lattes, orcid, portfólio ou cv?