E 2021 vai se despedindo e no seu decorrer entrevistamos empreendedoras, jovens cientistas, candidatas a cargos políticos, enfim profissionais que todos os dias constroem e lapidam as suas carreiras com maestria.
Para encerrar nosso ciclo de entrevistas na nossa secção Elas, escolhemos entrevistar uma jovem investigadora que mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia que o mundo atravessa, continua a publicar trabalhos em revistas científicas importantes.
Desde 2020 o mundo está de joelhos e aos poucos a levantar-se de um impacto histórico, uma pandemia que já dura quase dois anos e está em outra fase não menos desafiadora, menos assustadora talvez.
Estes impactos afetaram a economia global, os sistemas de saúde a integridade física e emocional de muitas pessoas.
Em 2020 e ainda em 2021 muitos Governos reavaliaram as prioridades para os recursos empregados: Vacinas, insumos para a saúde, apoio económico para empresas e contribuintes e tudo aquilo que poderia estar relacionado à mitigação dos impactos gerados pela pandemia.
Mas e os recursos destinados à instituições de ensino e para Ciência?
Sabemos que cada Nação, Sociedade e indivíduo possui suas singularidades, desafios, recursos e formas de gerir situações desafiantes. Então vamos ater-nos a esta jovem insvestigadora brasileira, original de São Paulo que já desenhou(e ainda virá muito mais) sua marca nas Geociências.
O
Horizonte Europa é o programa da União Europeia (UE) que financia a
investigação e a inovação e é dotado de um orçamento total superior a 95
mil milhões de euros para o período de 2021 a 2027.
As principais metas do Horizonte Europa
objetivos consistem em reforçar a ciência e a tecnologia, promover a
competitividade industrial e implementar os objetivos de desenvolvimento
sustentável ao nível da UE.
A pandemia da COVID-19 demonstrou com
bastante evidência que a investigação e a inovação são motores de relevo
da recuperação económica. Foram mobilizadas centenas de milhões de
euros em projetos de investigação sobre o coronavírus ao abrigo do anterior programa de financiamento da UE para a ciência, o Horizonte 2020. O novo programa continuará a apoiar a investigação no domínio da saúde e a ajudar os sistemas de saúde da UE a prepararem-se para futuras crises.
Fonte:Parlamento Europeu
Mas e as Geociências?
Mesmo não sendo neste momento considerada uma área prioritária, nem a sua importância nem o desenvolvimento de pesquisas neste âmbito cessou, muito menos os eventos ambientais.
Principalmente por que 2021 ficou marcado por eventos ambientais fortes, como foi o caso da erupção do vulcão em LaPalma. Então profissionais do mundo inteiro (principalmente geólogos e vulcanólogos espanhóis) foram convidados a esclarecer, trabalhar e a comentar este evento que afetou profundamente as populações e a paisagem das Ilhas Canárias.
Quando olhamos para o Brasil, vários são os eventos ambientais marcantes como é o caso das queimadas da floresta amazónica e as fortes chuvas que causaram enchentes no Sul da Bahia.
Então ao relembrar fatos marcantes de 2021, é impossível não recordar de tantos geocientistas que tanto produzem conhecimento. Principalmente Elas.
Vanessa Mucivuna é Formada em Geografia pela Universidade Cruzeiro do Sul e em Geociências e Educação Ambiental pela Universidade de São Paulo.
Está a doutorar-se pela USP (Universidade de São Paulo) com orientação também de professor da Universidade de Lausanne, Suíça.
Antes mesmo de concluir já tem resultados da sua tese publicados através de artigos em revistas indexadas. Que orgulho!
Vamos conhecer mais detalhes da nossa entrevistada do mês.
Você
é licenciada em qual(s) área(s) do conhecimento?e Por que escolheu
esta(s) área(s)?Em qual instituição você concluiu sua licenciatura?
Eu sou formada em Geografia pela Universidade Cruzeiro do Sul e em Geociências e Educação Ambiental pela Universidade de São Paulo. Eu escolhi estas áreas pois desde pequena tinha curiosidade com relação aos aspectos da natureza.
Qual(is)
o(s) principal(is) projetos da sua trajetória profissional ou
académica (ou pessoal) que gostaria de lembrar(poderia descrevê-lo ou
partilhar arquivos) ?
Em termos profissionais acredito que os projetos mais marcantes estão associados a minha participação em cursos, eventos científicos, bem como ao período de doutorado sanduíche na Universidade de Lausanne (Suíça).
Poderia falar sobre a sua pesquisa?
A minha tese de doutorado está sendo realizada na Universidade de São
Paulo e com orientação da Professora Dra. Maria da Glória Motta Garcia e
coorientada pelo professor Dr. Emmanuel Reynard (Universidade de
Lausanne, Suíça).
A pesquisa consiste em desenvolver um proposta
metodológica para a criação de planos de interpretação de sítios
geológicos em áreas protegidas, tendo como exemplo o Parque Nacional do
Itatiaia.
Como resultados da tese os seguintes artigos já foram publicados:
Ouve alguma playlist enquanto cria/trabalha?Qual?
Normalmente não, mas quando estou trabalhando com mapas e figuras geralmente ouço músicas calmas com barulhos de água.
Quais
os principais autores que costuma ler? Pode indicar 3 autores que lê
para a sua atuação profissional e pelo menos 1 que indicaria para ler
nos momentos livres?
Em termos profissionais leio diversos autores. Em termos de geoconservação poderia citar os trabalhos do José Brilha, em termos específicos de patrimônio geomorfológico as pesquisas do Emmanuel Reynard e a relação entre geoconservação e áreas protegidas os trabalhos do Roger Crofts e John Gordon.
Que
tipo de impactos positivos acha que a sua área de atuação (no contexto
da Geografia) trouxe para sua comunidade (cidade ou País)?
Os resultados oriundos da minha pesquisa do mestrado foram integrados ao
plano de manejo do Parque Estadual Restinga de Bertioga e a Área de
Proteção Ambiental Marinha do Litoral Centro. Além disso, os gestores
destas Unidades de Conservação estão preparando materiais e atividades
educativas e turísticas com o objetivo de valorizar e promover alguns
sítios que foram inventariados na etapa do inventário.
Em relação ao doutorado, há um esforço da equipe gestora para divulgar o
patrimônio geológico do parque por meio de exposições, folders e totens
nas trilhas mais visitadas.
Qual sua opinião sobre os impactos da pandemia no percurso profissional de jovens investigadoras?
Sem dúvida a pandemia afetou a pesquisa de inúmeros cientistas tanto em relação a coleta como ao tratamento dos dados. Acredito que para os jovens cientistas a dificuldade foi ainda maior devido as restrições para a coleta de dados e acesso à universidade, bem como a limitação no compartilhamento de ideias e dúvidas com os cientistas mais experientes.
Qual sua principal ferramenta de trabalho?
O computador.
O que você diria ao seu eu antes da Pandemia do novo coronavírus?
Ainda não existem respostas a esta pergunta.
Do ponto de vista profissional, na sua opinião qual foi o seu maior desafio nestes últimos 2 anos?
A restrição aos trabalhos de campo devido a pandemia, a falta de verba para a pesquisa e o fim da bolsas de estudo.
O que te motivou a ingressar em um curso de pós-graduação, que mensagem deixaria para quem neste momento deseja ingressar?
Durante a graduação em Geociências e Educação Ambiental eu fiz iniciação científica na área de Geoconservação e me apaixonei por esta área.
O motivo principal do meu ingresso na pós-graduação foi de aprofundar meu conhecimento na área em questão e adquirir as habilidades e competências necessárias para continuar minha trajetória como professora universitária e pesquisadora.
Quais as principais revistas indexadas que considera importantes na sua área de investigação?
Geoheritage, Geomorphology, Geoconservation Research, Environmental Science & Policy e Environmental Management.
Qual (is) tipo de conteúdo(s) gostaria que fosse mais abordado nas redes sociais que segue?
O uso exacerbado dos recursos naturais pela sociedade. A conservação dos aspectos abióticos da natureza. Conteúdos geocientíficos em linguagem adequada para o público não especialista.
Como você vê o futuro (próximos 5 anos) para a sua área de atuação?
A área de Geoconservação vem crescendo nos últimos anos e acredito que continuará nos próximos 5 anos. Espero que os resultados das pesquisas científicas sejam aplicadas pelos tomadores de decisões na integração das políticas públicas e de conservação da natureza.
Gostaria
de deixar alguma mensagem para mulheres que estão a iniciar suas
carreiras em áreas correlatas com a sua?
Sigam em frente e não esqueçam que o caminho é tão importante quando o destino final.
Poderia indicar o link do lattes, orcid, portfólio ou cv?
Foi uma honra e um gosto ler e publicar esta Entrevista.
Elas.
Viva a Ciência.
GeoSmart