O Jornal Expresso entrevistou a Nina Lanza, geóloga, investigadora na área da exploração planetária e espacial no laboratório norte-americano de Los Alamos e membro das equipas que desenvolveram as câmaras a bordo do Curiosity e do Preserverance, os dois rovers que andam por Marte à procura de vestígios de vida microbiana.
Extraímos algumas questões abordadas na entrevista que nos chamaram a atenção.As questões direcionadas à cientista foram muito relevantes, principalmente estas que seguem:
Quais acha que são as hipóteses de descobrir sinais de vida passada em Marte?
É
difícil dizer. Nós não conhecemos verdadeiramente a natureza da vida;
se nós, humanos, somos únicos no universo, se somos especiais, como
surgimos originalmente. Portanto, dizer que tenho a expetativa de
encontrar esses sinais se calhar é ir longe de mais. O que sei é que
temos no rover Perserverance instrumentos excelentes que nos podem
ajudar a reconstruir uma história circunstancial e que talvez aquelas
rochas contenham as tais bioassinaturas que procuramos da existência de
vida passada. Mas até trazermos essas rochas para a Terra provavelmente
não teremos certezas.
É demasiado cedo então para avaliar o sucesso de mais esta missão da NASA em Marte?
Independentemente
de encontrarmos ou não sinais de vida em Marte, esta missão permitirá
sempre saber um pouco mais. Sabemos para já que em Marte houve todas as
condições para haver vida. E vamos olhar para rochas que têm a idade
certa e onde possam ter persistido esses sinais (químicos ou fósseis).
Se não os encontrarmos…
É porque definitivamente não houve vida em Marte?
Como
cientistas não podemos dizer que temos essa certeza. Mas se não
encontrarmos vida em Marte, que terá tido um ambiente semelhante ao da
Terra, então podemos concluir que ela é mesmo algo de especial e que não
existirá assim em tantos sítios.
Além de Marte, onde é mais plausível encontrar outras formas de vida?
Marte
tem, apesar de tudo, o ambiente mais parecido com a Terra e por isso
conseguimos entender melhor os processos. Mas há outros locais
candidatos, como a lua Europa de Júpiter, que tem todo um oceano líquido
de água, embora submerso por uma camada de dois quilómetros de gelo. É
possível pôr-se essa hipótese e há uma missão planeada para orbitar essa
lua. Outro candidato é a lua de Saturno Titã. Há uma missão da NASA
planeada para 2026 também.
Imagem: Jornal Expresso.
Entrevista completa em: https://expresso.pt/sociedade/2021-07-06-Em-Marte-a-agua-desapareceu-mas-as-rochas-ficaram.-E-e-ai-que-se-procuram-provas-de-vida-passada-e42ed36a
créditos da matéria: https://expresso.pt/autores/2015-05-02-Isabel-Leiria