De acordo com o Jornal de Notícias, a prefeitura de Petrópolis, localizada na região serrana do estado brasileiro do Rio de Janeiro, elevou esta quarta-feira para 58 o número de mortos na sequência das fortes chuvas que atingiram a cidade e decretou o estado de calamidade.
Petrópolis, a cerca de 70 quilómetros da cidade do Rio de Janeiro, acumulou 259 milímetros de chuva em seis horas, na tarde e noite de terça-feira, de acordo com fontes da defesa civil, prevendo-se para esta quarta-feira mais precipitação, embora moderada.
Os media locais estimam que mais vítimas deve ser localizadas ao longo do dia já que o trabalho das equipas de resgate nas áreas atingidas continua.
Mas o que a Ciência diz?
Primeiro é preciso que recordemos o que é um fenómeno climático.
Heidegger (Filósofo Alemão) diz que algo, algo vivenciado, se dá sempre de algum modo (o que me vem ao encontro – eu mesmo, que me venho ao encontro de formas distintas), podemos formulá-lo também dizendo que aparece, que é fenómeno.
Os efeitos do La Niña e do El Niño, que vão de secas a inundações, de fortes chuvas a furacões, sempre dependem da área de oscilação: podem produzir secas na América Latina, fortes nevascas no norte dos Estados Unidos ou secas na Austrália ou nas ilhas do Pacífico.
Mas o que esta tragédia tem a ver com o evento climático "La niña" ?
De acordo com a BBC
O La Niña está de volta pelo segundo ano consecutivo.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), órgão do governo americano, o fenômeno climático responsável por invernos rigorosos e grandes secas em todo o mundo chegou novamente e será sentido por vários meses.
O La Niña geralmente se manifesta de duas formas totalmente diferentes na América Latina: chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo do rio e inundações subsequentes na Colômbia, Equador e norte do Brasil; e seca no Peru, Bolívia, sul do Brasil, Argentina e Chile.
Vários desses últimos países experimentaram uma seca intensa desde o ano passado, que afetou lavouras, secou rios e impactou a geração hidrelétrica.
Ainda segundo a BBC:
A NOOA observou que o La Niña pode influenciar os meses finais da atual temporada de furacões no Atlântico, que tem sido particularmente ativa.
No Brasil, segundo prevê o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os efeitos do La Niña devem ser sentidos moderadamente durante a primavera em parte do país, podendo afetar a regularidade das chuvas, principalmente na faixa centro-norte.
"Estamos esperando (a ocorrência do) La Niña durante a primavera, mas (o fenômeno) deverá ser de curta duração e não muito intenso", disse Márcia dos Santos Seabra, coordenadora de Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet.
Em comparação com o El Niño, podemos dizer que anos em que ocorre o La niña sempre há eventos imprevisíveis, porém sempre atípicos se levarmos em conta os eventos meteorológicos esperados para aquela zona climática.
O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é um fenômeno de grande escala, que ocorre no oceano Pacífico Equatorial. O fenômeno mostra, de forma marcante, o forte acoplamento oceano-atmosfera, que se manifesta sobre a região.
Fonte das imagens: Inmet
A variação irregular que ocorre em torno das condições normais nas componentes oceânica (El Niño) e atmosférica (Oscilação Sul) da região, revela duas fases opostas do fenômeno, sendo um desses extremos representado pelas condições de El Niño, quando ocorre um aquecimento das águas e redução na pressão atmosférica na região leste do Pacífico (também denominada fase quente ou fase negativa).Fonte: 5 MINUZZI, R. B.; et al. Influência do fenômeno climático El Nino no período chuvoso... Geografia - v. 15, n. 2, jul./dez. 2006.
De acordo com o CPTEC, o fenômeno La niña("a menina", em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo ("o velho", em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño, porém como El Niño se refere ao menino Jesus, anti-El Niño seria então o Diabo e portanto, esse termo é pouco utilizado. O termo mais utilizado hoje é: La Niña.
Em condições de La Niña há um fortalecimento das condições normais do oceano e da atmosfera na região tropical do Oceano Pacífico. Os ventos alísios são intensificados, o que acarreta um aumento no carregamento das águas quentes para leste e no ressurgimento das águas frias no Pacífico leste. As diferenças de temperatura tendem a se acentuar, o que, por sua vez, auxiliam a intensificação dos ventos alísios (NOAA, 2001).
Ainda segundo NOAA (2001), a ocorrência do fenômeno ENOS induz profundas modificações dos eventos meteorológicos na região tropical e, também, em várias regiões do globo terrestre.
Estas modificações são conseqüências da adição de grandes quantidades de energia, a qual é dissipada através de ondas de calor que tendem a se propagar em percursos preferenciais na atmosfera. No sudeste da América do Sul as ondas de calor tendem a intensificar a corrente de jato subtropical (ventos que sopram na região subtropical de oeste para leste, posicionado em torno de 10km de altitude). A corrente de jato intensificada determina bloqueios na atmosfera, podendo fazer com que as frentes frias fiquem semi-estacionárias sobre o extremo sul do Brasil, causando excessos de chuva.
Obviamente que além de conhecer os eventos meteorológicos e fenómenos climáticos de cada região, há também outras importantes variáveis como o stress urbano causado em zonas de risco geológico iminente, como é o caso de zonas urbanas intensas em locais de rochas friáveis, supressão vegetal, proximidade de corpos d'água , obstrução do escoamento das águas, moradias irregulares, entre outras variáveis.
Fonte: G1
Fonte: DW
Fonte: Folha uol
Em 06 horas choveu o equivalente a 30 dias
Ainda que estes fenómenos climáticos venham a influenciar a piora das consequências da intensidade das chuvas, segundo o Serviço Geológico do Rio de Janeiro esta zona possui um alto risco geológico, como ilustra o mapa (mapa do ano de 2010) a seguir.